segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Economia solidária, caminho para inclusão social e superação da crise global

Apostar nas iniciativas regionais e na economia solidária é um dos principais caminhos para enfrentar a crise econômica mundial e manter as políticas públicas de inclusão social. Essa foi a conclusão do debate sobre crise capitalista e justiça social e ambiental, que reuniu a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e o secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Paul Singer, durante o Fórum Social Temático, na capital gaúcha.

Nos últimos anos, a economia solidária tem se apresentado como alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Ela compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais desenvolvidas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias e redes de cooperação, entre outras. Elas atuam nas áreas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizadas sob a forma de autogestão.

A situação do Brasil em relação à crise econômica mundial, disse Tereza Campello, não é privilégio, mas fruto da construção de um modelo que aliou o desenvolvimento à inclusão social e que conseguiu melhorar as condições de vida de 40 milhões de brasileiros nos últimos oito anos. “Esse modelo aposta na economia solidária e em outras iniciativas como o Bolsa Família, o Pronaf e o fortalecimento do microcrédito e dos pequenos empreendedores”, enfatizou a ministra durante o painel, nessa sexta-feira (27).

Metas – Ao citar o exemplo das cooperativas de catadores, público-alvo da economia solidária, Tereza Campello ressaltou que o país tem que acabar com os lixões. Essa, assinalou, é a pior forma de trabalho. “Mas, ao mesmo tempo, queremos construir cooperativas e investir na coleta seletiva. Para isso, não podemos pensar pequeno. Temos que ter metas grandiosas e avançar nos projetos que já existem.”

Na opinião de Paul Singer, a economia solidária é a maior expressão de democracia na organização econômica. “Na economia solidária, ninguém manda e ninguém obedece. É a igualdade máxima: todos participando dos mesmos direitos, com as mesmas obrigações. Ela é democrática do início até o fim.”

O Plano Brasil Sem Miséria, que contempla ações de economia solidária voltadas a catadores e a outros públicos, consolida a visão dessa prática como expressão da democracia, avalia Singer. “O Brasil Sem Miséria é um país que leva a democracia às conseqüências lógicas, inerentes à sua concepção”, diz. “É incompatível com a democracia ter gente morrendo de fome, sem trabalho, sem futuro; jovens condenados a serem miseráveis porque não têm a oportunidade de serem pessoas integrais”.

Rio+20 – O sociólogo Boaventura de Souza Santos, outro grande defensor da economia solidária como estratégia de inclusão social, assinala que essa será uma das principais discussões a serem levadas pelos movimentos sociais à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro.

O tema central da Rio+20 será a crise econômica global. “A economia solidária deve ter seu significado ampliado para dar conta de todo o potencial que ela tem. Ela responde à crise imediata, mas sua lógica é de futuro, de visão estratégica, que vai além da crise e dos fatores que a criaram.”

Para Boaventura, a economia solidária pode ser um grande instrumento de justiça social e contribui muito para reduzir a pobreza. “Ela não é a economia dos pobres, muito menos a dos miseráveis. É uma economia dos países para que não haja pobres.”
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Fonte: http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/noticias/2012/janeiro/economia-solidaria-caminho-para-inclusao-social-e-superacao-da-crise-global

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